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11 Lições de comunicação do Papa Francisco

Foi emocionante ouvir os discursos do Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude. Uma comunicação simples, equilibrada, carismática e sensata. Um exemplo de humildade e liderança. O seu desejo de servir e de ajudar foi inspirador.

Durante muitos momentos ele pediu às pessoas que o ouviam: “Rezem por mim". Em entrevista, ao jornalista Gerson Camarotti, ele falou sobre a rivalidade entre Brasil e Argentina com muito bom humor: “O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à rivalidade, creio que já está totalmente superada. Porque negociamos bem: o Papa é argentino e Deus é brasileiro."

Cada gesto, cada olhar, cada beijo, chamava a nossa atenção para o seu jeito de ser. Sempre com boa vontade, beijou amorosamente as crianças e tocou com afeto as pessoas que aproximaram do carro que o conduzia.

Ele gosta de gente e interage com todos. “Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta e dizer bom dia, pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho."

O pontífice se interessa pelo bem estar das famílias, dos jovens e de toda a comunidade. E também sabe ser pragmático com os líderes da igreja. Ele pede mudança de atitude e faz questão de dar o exemplo de como deve ser essa mudança. O seu sorriso natural nos transmite paz, sabedoria e serenidade. A sua simpatia conquistou a todos.

O Papa Francisco deu uma verdadeira aula de como deve ser a oratória moderna: uma comunicação simples, objetiva e humanizada. Apresento 11 lições de oratória baseadas nos discursos de Sua Santidade.

1) Equilíbrio emocional – Durante as celebrações, discursos e entrevistas o Papa Francisco demonstrou ser muito centrado. Nem mesmo algumas situações mais tensas tiraram a sua serenidade e simpatia.

Um exemplo foi o erro de percurso do comboio que o conduzia logo após a sua chegada ao Brasil. Ele manteve o vidro do carro aberto permitindo que os fiéis se aproximassem. Mesmo aquela multidão não o assustou. Ele procurou ser gentil e atencioso com todos. O que deixou os seguranças apreensivos.

2) Humildade – Ele encanta a todos com o seu jeito simples de ser. A verdadeira humildade é o antídoto da arrogância. Ser humilde é se colocar no seu devido lugar: ninguém é mais; ninguém é menos. Todos nós somos seres humanos. Muitas vezes, o Papa Francisco pediu aos brasileiros que rezassem por ele.

Ele fez questão de ressaltar como foi acolhido pelo povo brasileiro: “Desde o primeiro instante em que toquei as terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me sinto acolhido.

E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo – não ficamos mais pobres, mas enriquecemos.

Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode colocar mais água no feijão! Se pode colocar mais água no feijão? sempre? E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!".

3) Solidariedade – A sua vontade de servir inspirou a todos. Quando falamos em público devemos ter como objetivo ajudar as pessoas. A oratória moderna deve ser vista como uma contribuição que fazemos para a melhoria do ser humano.

“O povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda.

Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário!

Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais!

Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade; a cultura da solidariedade.

Ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. E todos nós somos irmãos. A Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão."

4) Sorriso – O sorriso natural de Francisco foi capaz de tocar o coração dos brasileiros. Ele quebrava o protocolo e sempre se aproximava das pessoas com um semblante sereno, simpático e amável. O simples ato de sorrir demonstra amor e respeito ao próximo.

Quando falamos em público devemos demonstrar este afeto. Por mais que o discurso seja formal, ainda assim, é possível criar uma boa primeira impressão sorrindo para os ouvintes.

O sorriso é comunicação universal. Em qualquer lugar do planeta que você sorrir, as pessoas vão dar um voto de confiança em você e em suas palavras. O Pontífice demonstrou carinho e alegria ao se dirigir aos ouvintes. Sempre sorridente e receptivo.

5) Conteúdo – Para ganhar a admiração das pessoas é fundamental estar preparado. Com muita habilidade o Papa Francisco soube transmitir a sua mensagem com propriedade. Em nenhum momento ele transmitiu arrogância ou prepotência. Durante os seus discursos ele abordou temas polêmicos e complexos, mas sempre demonstrou muito preparo e sutileza ao abordar esses assuntos.

6) Não seja individualista – Ficou bem claro para todos aqueles que ouviram as mensagens do Papa Francisco que ele busca a união dos povos. Que as pessoas estejam mais engajadas em ajudar o próximo. “Hoje, queria que nos perguntássemos com sinceridade: em quem depositamos a nossa confiança? Em nós mesmos, nas coisas, ou em Jesus?

Sentimo-nos tentados a colocar a nós mesmos no centro, a crer que somos somente nós que construímos a nossa vida, ou que ela se encha de felicidade com o possuir, com o dinheiro, com o poder.

Mas não é assim! É verdade, o ter, o dinheiro, o poder, podem gerar um momento de embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas, no fim de contas, são eles que nos possuem e nos levam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados. “Bote Cristo" na sua vida, deposite n'Ele a sua confiança e você nunca se decepcionará!".

7) Gestos e postura – Os gestos amáveis, os beijos carinhosos, o olhar acolhedor e sua simpatia ficaram para sempre em nossas lembranças. Falta para muitas pessoas harmonia entre suas palavras e seus gestos. Não basta falar que está feliz.

É necessário demonstrar a felicidade. Não basta falar que é uma satisfação estar ali com as pessoas. É necessário demonstrar que realmente está satisfeito. Vejo muitos profissionais que tentam falar em público, mas utilizam gestos e posturas artificiais.

Eles são apáticos e por isso são incapazes de convencerem. Cada vez mais as pessoas estão observadoras e questionadoras. Palavra por palavra não quer dizer nada.

Quando analisamos a comunicação, apenas 7% são as palavras. 93% da nossa comunicação é não verbal, ou seja, não sai da nossa boca. Fazem parte da comunicação não verbal: os gestos, a postura, o tom de voz, o semblante, o ritmo da fala. Papa Francisco demonstrou ter muita coerência entre suas palavras e seus gestos.

8) Pragmatismo – Sua Santidade fala o que precisa ser falado. Ele consegue ser assertivo em suas palavras. “Os Bispos devem ser Pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos.

Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham “psicologia de príncipes".

Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos de uma Igreja sem viver na expectativa de outra. Homens capazes de vigiar sobre o rebanho que lhes foi confiado e cuidando de tudo aquilo que o mantém unido: vigiar sobre o seu povo, atento a eventuais perigos que o ameacem, mas sobretudo para cuidar da esperança: que haja sol e luz nos corações.

Homens capazes de sustentar com amor e paciência os passos de Deus em seu povo. E o lugar onde o Bispo pode estar com o seu povo é triplo: ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se desgarre mas também, e fundamentalmente, porque o próprio rebanho tem o seu olfato para encontrar novos caminhos."

9) Enfrente seus medos – Perguntaram para o Papa Francisco se ele teve medo da grande multidão que se reuniu próximo ao carro que o transportava. Ele respondeu: “Não tenho medo. Sei que ninguém morre de véspera. Quando acontecer, o que Deus permitir, será.

Eu não poderia vir ver este povo, que tem um coração tão grande, detrás de uma caixa de vidro. As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito bem. Mas ambas sabem que sou um indisciplinado nesse aspecto." Ele continuou falando sobre o medo: “Alguém poderia pensar: Eu não tenho nenhuma preparação especial, como é que posso ir e anunciar o Evangelho?

Querido amigo, esse seu temor não é muito diferente do sentimento que teve Jeremias, um jovem como vocês, quando foi chamado por Deus para ser profeta. Acabamos de escutar as suas palavras: Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo.

Deus responde a vocês com as mesmas palavras dirigidas a Jeremias: Não tenhas medo… pois estou contigo para defender-te (Jr 1,8). Deus está conosco! Não tenham medo! Quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa frente e nos guia. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus prometeu: Eu estou com vocês todos os dias (Mt 28,20). E isto é verdade também para nós! Jesus não nos deixa sozinhos, nunca lhes deixa sozinhos! Sempre acompanha vocês!".

10) Seja um motivador – Fale para motivar seus ouvintes a aderirem a sua causa. Sempre que falamos em público devemos pedir ação, empenho e a participação das pessoas. “Eu peço que vocês sejam revolucionários. Tenham a coragem de ser felizes. Sim, que se rebelem contra esta cultura do provisório que no fundo crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de ir contra a corrente e ser felizes."

11) Tenha fé – “Queria dizer uma última coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício.

Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo.

A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio para que todos tenham vida, e vida em abundância (Jo 10,10).

Digo a cada um e a cada uma de vocês: “bote fé" e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; “bote esperança" e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; “bote amor" e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. “Bote fé", “bote esperança", “bote amor!".

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